Saiba por que a pizza à brasileira é diferente da original napolitana

GABRIELA SAMPAIO FERGUSSON

Colaboração para o UOL

A pizza veio para o Brasil junto com os italianos, no final do século 19. De início, era um prato comum entre os imigrantes. Aos poucos, foi se tornando conhecida entre os paulistas e chegou a todo o país. Prato típico especialmente no domigo, ela é quase sempre a primeira a ser lembrada quando queremos pedir comida e já virou até expressão popular.

Mas, como os próprio italianos que aqui chegaram e se misturaram para virar brasileiros, a pizza típica de Nápoles também sofreu adaptações para chegar ao formato preferido por estas bandas.

Há pizza de metro, pizza de panela de pressão e pizza de rodízio. A borda pode levar recheios variados ou vir salpicada por gergelim, por exemplo. Os sabores mais conhecidos são a mozarela (feita com o queijo amarelo), frango com catupiry" e calabresa. Mas pizzas de picanha e de carne seca também são vistas por aí. Isso sem contar com as variedades gourmet e as pizzas doces. Vai uma de brigadeiro?

Cada pizzaria tem seu segredo e sua receita. Até as clássicas brasileiras, como a portuguesa, que normalmente leva queijo, presunto, ovo cozido e azeitonas em São Paulo, pode ter diferentes recheios dependendo do lugar. A maioria dos paulistas costuma fazer careta, mas para um carioca é normal saborear o prato com ketchup.

Pouco recheio
As mudanças foram tantas que é comum ouvir gente que visita a Itália dizendo que "a pizza de São Paulo é muito melhor". A principal reclamação é a "falta de recheio". Enquanto aqui impera a fartura e grande variedade de ingredientes, na Itália a história é outra.

"Eles colocam pouco recheio para explorar ao máximo os sabores de cada um dos ingredientes", explica André Lima, diretor de gastronomia da Bráz Pizzaria, com filiais em São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Recentemente a casa foi certificada pela Associazione Verace Pizza Napoletana (AVPN, veja box abaixo). Mas, além das verdadeiras redondas de Nápoles, o cardápio também conta com "brasilidades" como atum e quatro queijos, além de criações próprias como a caprese, que sai do forno quentinha e recebe fatias frias de tomate, mozarela de búfala, manjericão e pesto de azeitonas pretas.

A massa da napolitana é mais fina e a borda menos crocante e simples. Além disso, é menor, para ser comida individualmente. Por isso, esqueça a história dos oito pedaços, brotinho, média ou grande. "Também não existe a ideia de uma pizza napolitana com mais de um sabor", conta Monica Tarallo, chef e uma das proprietárias da cantina e pizzaria Speranza, a primeira casa na América Latina a receber certificação da AVPN, no ano passado. 

Com 53 anos de história, o restaurante fez algumas concessões "brazucas" no cardápio, a pedido de clientes, como o Frango com Catupiry, além de criar receitas próprias. Mas massa e borda permanecem à italiana.

No final das contas, não há melhor. Apenas diferente. Mas, agora que você já sabe a diferença entre a napolitana e brasileira, com certeza apreciará pizzas em qualquer lugar do mundo. Cada uma à sua maneira.

100% italiana

A Associazone Verace Pizza Napoletana é uma instituição sem fins lucrativos que desde 1984 divulga e mantém a tradição da "verdadeira pizza napolitana" no mundo mundo. No Brasil apenas dois estabelecimentos contam com seu selo de aprovação: a Speranza e a Bráz. A primeira recebeu o reconhecimento em 2010 e a segunda acaba de conquistá-lo.

As pizzas certificadas devem seguir regras rígidas. "É preciso levar em conta o tipo de farinha, tempo de fermentação da massa e a temperatura do forno, que tem de ser a lenha", conta Monica Tarallo, da Speranza. "A massa é aberta na mão e não no rolo."

Nas filiais da Bráz e da Speranza dois sabores "certificados" estão disponíveis: a margherita (manjericão e mozarela de búfala e molho de tomate italiano) e marinara, feita apenas com molho de tomate e lascas de alho.

Na Speranza há também a caprese, com tomate-cereja em pedaços, mozarela de búfala, manjericão e azeite.

 

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