Bienal junta universo da gastronomia e dos livros em 40 oficinas a partir de sexta

ANTONIO FARINACI

Colaboração para o UOL

  • Divulgação

    Emmanuel Bassoleil faz palestra no dia 16 ao lado de Claude Troisgros e Laurent Suaudeau sobre chefs franceses com livros publicados no Brasil

    Emmanuel Bassoleil faz palestra no dia 16 ao lado de Claude Troisgros e Laurent Suaudeau sobre chefs franceses com livros publicados no Brasil

A partir desta sexta-feira (13), a Bienal do Livro de São Paulo dá início a uma série de 40 oficinas e palestras sobre gastronomia, ministradas por chefs, críticos e jornalistas da área.

A programação, que se extende até o dia 22, faz parte do evento paralelo à Bienal "Cozinhando com Palavras", que explora as ligações entre o universo da cozinha e o dos livros.

Treze restaurantes da cidade também participam do evento, com cardápios especiais (veja programação). Para participar das oficinas e palestras, basta comparecer ao Pavilhão do Anhembi nos horários indicados, mas os organizadores pedem que os interessados compareçam com 30 minutos de antecedência para retirada de senhas, 60 no total. Não é cobrada nenhuma taxa além do ingresso na Bienal do Livro.

No primeiro dia, um dos destaques da programação fica por conta do chef Allan Vila Espejo, autor do livro "Comer Fez o Homem" (Ed. Melhoramentos), que, às 14h, fala sobre "receitas afrodisíacas". Mas antes que alguém pergunte se ele tem a receita do Viagra gastronômico, ele explica que o título da palestra é uma brincadeira.

"Comidas realmente afrodisíacas não existem. O que existe são ingredientes que podem despertar seus sentidos, sua imaginação e deixar o coração 'caliente'", acredita ele, que dá como exemplo a pimenta e o chocolate. Na cozinha montada no local especialmente para o evento, Vila dará uma receita de Banana Caramelada.

Personalidade da TV portuguesa, o argentino Chakall fala, no mesmo dia (às 20h), sobre as influências da globalização na culinária. O chef, que se autodenomina um "colecionador de sabores", recebeu o prêmio "Gourmand Award", um dos mais prestigiados da gastronomia, para seu livro "Divina Cozinha" (Oficina do Livro), de 2007.

No domingo, o dia abre com Paulo Braga, autor de "O Pão da Paz" (Ed. Melhoramentos), que falará, às 10h30, sobre as diferentes formas em que esse alimento aparece em culturas do mundo todo, e dará uma receita feita com sobras de comida. "É o pão do 'já te vi'", brinca o padeiro, "uma forma de reaproveitamento de alimentos que pode ser feita com qualquer coisa que você tiver na geladeira", explica.

Às 17h, Hamilton Mellão e Yann Corderon fazem uma prévia de seu livro "Bistrô X Trattoria" (Ed. Melhoramentos), que será lançado em outubro. Mellão conta que na culinária, há uma eterna rivalidade entre cozinheiros italianos e franceses, "é como no futebol, entre brasileiros e argentinos", exemplifica. "No livro, nós falamos sobre os mitos que envolvem essas duas cozinhas, como por exemplo o fato de que a pizza pode ter uma possível origem na França", revela. Para degustação da plateia, os chefs farão uma uma receita de Ratatouille francês e uma de Caponata italiana.
 

Franceses na cozinha
Chefs franceses radicados no Brasil são o destaque da segunda-feira (16). "Tenho 33 anos de carreira, dos quais 23 no Brasil", conta Emmanuel Bassoleil, "ou seja, já cozinho há mais tempo no Brasil do que cozinhei no exterior". Ele é um dos palestrantes do encontro "Como É Gostoso meu Francês", que reúne ainda Claude Troisgros e Laurent Suaudeau, às 14h. "Quando comecei a cozinhar aqui, não havia ingredientes que hoje parecem corriqueiros. Só havia salsinha lisa, cebolinha, manjericão e olhe lá. O Brasil me ensinou a ser criativo, a adaptar", revela o chef.

Para ele, a gastronomia brasileira mudou radicalmente nesses anos, com o surgimento de programas de TV sobre o assunto, maior número de publicações e maior variedade de ingredientes. "A França sempre será uma 'marca' precursora no que diz respeito à gastronomia. Eu só cheguei aqui por ter aprendido a técnica da gastronomia francesa, mas o Brasil me ensinou o jogo de cintura na cozinha. Espero poder passar um pouco dessa nossa experiência como franceses aqui", conclui.

Na quarta-feira (18), às 17h, a jornalista de gastronomia Nilu Lebert e o crítico de cinema Rubens Edwald Filho encontram o chef Hamilton Mellão para falar sobre filmes que tiveram a comida como tema. No cardápio cinematográfico, títulos como "Maria Antonieta", de Sophia Coppola (2006), "A Época da Inocência", de Martin Scorsese (1993), e "A Festa de Babette", de Gabriel Axel (1987), esse último, um "blockbuster" do gênero.

"O Rubens sempre brinca que, se houvesse no Oscar uma categoria 'food film', 'Babette' seria o campeão absoluto", conta Nilu, que é autora, juntamente com o crítico cinematográfico, de "O Cinema Vai à Mesa" e "Bebendo Estrelas" (Ed. Melhoramentos), sobre cozinha e a sétima arte. Para degustação, Mellão preparará Almôndegas Vassilis, prato que leva o nome de um dos personagens do filme "O Tempero da Vida", de Tassos Boulmetis (2003).

  • Divulgação/Virgínia Brandão

    O chef e idealizador do "Cozinhando com Palavras" André Boccato fará o workshop "Comida di Buteco"

Uma oficina sobre tira-gostos abre a programação de quinta (19), às 10h30, com o lançamento paulistano do livro "Receitas e Segredos do Comida di Buteco" (Ed. Gutemberg), fruto de um concurso feito em Belo Horizonte, que elege anualmente, desde 2000, o boteco ideal. O livro traz uma centena de receitas de bares de Goiânia, Rio de Janeiro, Salvador, interior e capital mineiros. "A comida de boteco é algo que só existe no Brasil e representa um sincretismo do que a culinária árabe, africana, portuguesa e brasileira têm de melhor", elogia o chef André Boccato, idealizador do "Cozinhando com Palavras" e responsável pelo workshop temático que apresentará receitas do livro.

No último dia (22), o destaque fica por conta do lançamento do livro "10 X 10 - 100 Receitas para Comer de Joelhos", da chef e blogueira do UOL Receitas e Restaurantes Carla Pernambuco, às 14h, que comemora os 15 anos de seu restaurante, o Carlota. "Eu estarei lá para um bate-papo com o público e para uma degustação de 10 receitas do livro", conta a chef.

O livro é dividido em capítulos, por tipos de comida. Na Bienal, Carla escolheu apresentar suas receitas de finger foods, "aqueles aperitivinhos que são uma marca registrada do meu restaurante", ela explica. O livro, que estará à venda no local, traz ainda receitas de pratos da culinária italiana, brasileira e asiática, entre outras, todos com o toque "fusion" que fez a fama do Carlota.

Veja a programação completa no site do evento.

"COZINHANDO COM PALAVRAS" na 21ª BIENAL DO LIVRO
Quando: de 13 a 22 de agosto de 2010
Onde: Pavilhão de Exposições do Anhembi - Av. Olavo Fontoura, 1209, das 10h às 22h
Quanto: R$ 10
Estudantes - R$ 5 (com carteirinha de estudante ou documento nominal comprobatório, com data de vigência)
Professores, profissionais da cadeia produtiva do livro, bibliotecários, estudantes inscritos pelo sistema de visitação escolar programada, maiores de 60 anos ou crianças com até 12 anos (mediante apresentação de documento) - Entrada franca
 

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