No aniversário de Belém, conheça os ingredientes e temperos que dão sabor à culinária paraense

RAFAEL MOSNA
Colaboração para o UOL

  • Divulgação

    Bolinho de piracuí é uma das receitas criadas pele chef Ana Luiza Trajano, do restaurante Brasil a Gosto, com inspiração no Pará; veja as receitas abaixo

    Bolinho de piracuí é uma das receitas criadas pele chef Ana Luiza Trajano, do restaurante Brasil a Gosto, com inspiração no Pará; veja as receitas abaixo

A cidade de Belém (PA) completa, nesta terça (12), 394 anos de sua fundação. Rica e de sabor único, a culinária paraense tem em seus pratos ingredientes e temperos bastante característicos. "Nas ervas, o buquê clássico presente em todas as feiras em Belém contém o coentro, a chicória, a pimenta-de-cheiro e a cebolinha", conta a Mara Salles, chef do restaurante Tordesilhas, em São Paulo.

 "Os nossos temperos típicos mais significativos são a alfavaca, chicória, pimenta de cheiro e a pimentinha verde. A utilização de todas elas é comum em peixes e pratos típicos nossos, como no pato no tucupi e no tacacá", explica Joanna Martins, do Lá em Casa, restaurante comandado pelo chef Paulo Martins em Belém.

 Para Ana Luiza Trajano, do Brasil a Gosto, a culinária paraense é uma das mais originais do Brasil. A chef destaca o uso das frutas na gastronomia, como é o caso do açaí. "O açaí não é comida somente doce, como o fazemos nos estados do sul. Esta fruta é bastante utilizada como ingrediente no peixe e servido com farinha d'agua".

 Confira abaixo a relação de ervas, especiarias e ingredientes típicos da gastronomia paraense:

  • Pedro Carrilho/Folha Imagem

    Jambu, erva que provoca dormência nos lábios, é vendido no mercado Ver-o-Peso em Belém

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 Jambu: usado em pratos como o tacacá, o pato no tucupi e até mesmo em pizzas. Esta erva é conhecida por adormecer nos lábios de quem come

 Pimenta-de-cheiro: a cumari do Pará possui frutos triangulares, que medem 3 cm de comprimento por 1 cm de largura. Torna-se amarela ao amadurecer. É bem aromática e picante e muito utilizada em molhos no Pará, principalmente no tucupi.

 Pimentinha-verde: também conhecida como murupi-verde. Seus frutos são alongados e, antes de amadurecerem, apresentam coloração verde, forma como são consumidos em Belém. Depois, adquirem um tom amarelo, que se intensifica até o vermelho, quando as pimentas estão maduras. Ainda verdes, tem um aroma forte e leve ardência. Comumente são utilizadas no tempero de peixes, caranguejo, camarões e em carnes de quelôneos.

 Chicória do Pará: da família do coentro, diferente da chicória comumente encontrada no sudeste do país, é um dos temperos mais utilizados na culinária paraense. Muito usada para temperar tucupi e peixes

 Alfavaca: da família do manjericão, é tempero indispensável para a maioria dos pratos da culinária paraense, principalmente para os peixes.

 Cumaru: apesar de ser usado pela gastronomia moderna, seu uso é praticamente inexistente na culinária paraense. No Ver-o-peso, mercadão tradicional da cidade de Belém, as barracas o vendem como erva para banho e infusões de medicina popular

 Puxuri: seu formato lembra a avelã. Também mais utilizado na gastronomia moderna, em sopas frias de frutas ou para aromatizar azeite. Tradicionalmente utilizado na medicina popular.

 Feijão de Santarém: mede a metade do feijão carioquinha, cor bege e, após cozido, fica macio como a manteiga. Usado tradicionalmente em saladas e vinagretes, para acompanhar pratos.

 Pupunha: fruto amarelo e alimento tradicional dos índios e populações ribeirinhas. No Pará, é consumido várias vezes ao dia puro ou acompanhado de manteiga ou doce de cupuaçu

 Cupuaçu: primo do cacau, seu cheiro lembro o éter. É bastante usado em sucos, compotas, geléias e sorvetes, mas também pode ser misturado à farinha de mandioca.

Tucupi: líquido de cor amarela extraído da raiz da mandioca. De sabor singular, é um dos principais ingredientes da culinária paraense, sendo utilizado no pato no tucupi, tacacá e ainda no tempero de arroz. Alguns chefs utilizam a redução do molho para complementar pratos da cozinha contemporânea. É ainda um ótimo caldo para ser tomado quente, no fim da noite ou como lanche.

 Açaí: seu consumo remete aos tempos coloniais. É servido com açúcar como sobremesa e como acompanhamento de pratos salgados, como pirarucu seco, charque e camarão seco. Dele também é feita uma bebida conhecida como "vinho-de-açaí", além de bolos, sopas, mingaus e sorvetes.

 Filhote: é a piraíba, maior peixe de couro de águas doces do Brasil, cujo peso ainda não ultrapassou 60 kg, tendo a carne bastante macia.

 Pirarucu: é o maior peixe de escama de água doce do Brasil, cujo tamanho pode chegar a três metros de comprimento e peso de 160 kg. Sua carne é saborosa.

 Aviú: crustáceo que se assemelha ao camarão, com, no máximo, 3 cm de comprimento. Logo que pescado, já é salgado e seco.

 Pato: o pato americano amazonense é importante na caça da dieta indígena e é um elemento central na festa do Círio de Nazaré, em Belém. Faz parte de um dos pratos mais tradicionais da culinária paraense, o pato no tucupi.

 

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